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Bruna Hortolani

Zootecnista, MSc. em Prod. Animal Sustentável

P&D – Major Nutrição Animal

Durante as andanças rotineiras em propriedades, você já se deparou com todos os animais consumindo a mesma ração? Aposto que a reposta é: sim! E mais que isso, não foi “uma” nem “duas” vezes, foram “várias”! Infelizmente muitos pensam que o que importa é apenas oferecer suplementação aos animais, independentemente do tipo. Mas, não funciona bem assim…

Para atingir o desempenho almejado na produção em leite ou carne, é essencial considerar a exigência nutricional do animal, pois ela é responsável por definir a quantidade diária de um nutriente que o animal deve ingerir para alcançar determinado nível de produção. Porém, existem especificidades nas exigências nutricionais, e essas estão associadas a alguns fatores, como: aptidão de produção do animal (corte ou leite), raça, categoria animal, fase de produção, ambiente e outros. 

As exigências nutricionais dos bovinos se dividem basicamente em mantença e produção. A exigência de mantença é basicamente em função do Peso Vivo – PV do animal, da raça e do ambiente. Já exigência de produção divide-se em: crescimento, gestação e lactação. Podemos exemplificar pensando em uma situação com duas vacas leiteiras: a VACA A está no pico de sua produção leiteira, já a VACA B está vivenciando seu período seco.  Observe que, em termos de exigências nutricionais, ou seja, demandas de proteína, energia e minerais, são situações completamente diferentes, a VACA A apresenta exigências mais elevadas quando comparada a VACA B, pois na primeira situação o animal além de nutrientes para sua mantença, também requer nutrientes para a lactação. 

Na prática, o primeiro passo para oferecer uma correta nutrição para os bovinos é o conhecimento de suas exigências. Posteriormente, com o conhecimento sobre as características dos alimentos disponíveis, o nutricionista deve elaborar a dieta, adequando a melhor estratégia nutricional para atender o desempenho pretendido e o sistema produtivo.  Vale destacar que os sistemas intensivos necessitam de atenção redobrada, pois nessa situação a maior parte da dieta é preenchida pelo concentrado (ração), logo essa precisa estar ajustada e equilibrada à demanda nutricionais do animal. Após resolver essa primeira etapa do processo, o próximo passo é estimar o consumo de alimento dos animais. 

A ingestão de alimento pelo animal é fundamental para a nutrição, pois determina o nível de ingestão de nutrientes, o qual resultará na produção do animal (carne ou leite). Esta ingestão é regulada e limitada por padrões fisiológicas e metabólicos do animal. Deve se ter atenção redobrada na escolha dos alimentos, evitando que ocorra qualquer restrição em quantidade e/ou qualidade dos nutrientes. Além disso, ao estimar o consumo, é importante considerar o comportamento ingestivo dos animais, bem como os fatores que podem influenciar esse comportamento, como raça, temperatura, umidade e outros. Tais informações são fundamentais para realizar um planejamento do manejo nutricional adequado e assim permitir com que a dieta formulada seja capaz de atender os objetivos de desempenho. 

Agora você já sabe, antes de determinar o suplemento que será oferecido aos seus animais, é preciso percorrer um caminho detalhado com informações da condição do animal, da propriedade e claro, do objetivo da atividade naquele momento. 

Referências

Nutrição de bovinos de corte: fundamentos e aplicações / editores técnicos, Sérgio Raposo de Medeiros, Rodrigo da Costa Gomes, Davi José Bungenstab. — Brasília, DF: Embrapa, 2015.

Silva et. al.R. Exigências Líquidas e Dietéticas de Energia, Proteína e Macroelementos Minerais de Bovinos de Corte no Brasil. Bras. Zootec., v.31, n.2, p.776-792, 2002.

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